sábado, 29 de agosto de 2015

Dia da Visibilidade Lésbica: Visibilizar e Ocupar é Preciso!

       No dia 29 de agosto é comemorado o dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data tornou-se emblemática no Brasil pois foi o dia em que ocorreu o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), no ano de 1996 no Rio de Janeiro - RJ, e foi o movimento lésbico ali presente que decidiu imortalizá-la na luta pelo direito das lésbicas.

         Depois de alguns anos, a ultima edição do evento, o 8º SENALE, veio a acontecer em 2014 nos dias 29 de maio à 01 de junho, em Porto Alegre. Foi neste ultimo SENALE que lésbicas e mulheres bissexuais de todo país se reuniram para articular a construção do II Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras. Neste ano (2015), entre os dias 28 e 30 de agosto acontece em Curitiba, a 2ª edição do Seminário Nacional de Lésbicas om o tema "Afirmando Identidades Para a Saúde Integral", representando um espaço bastante valoroso para nós lésbicas e mulheres bissexuais negras.

      É necessário ressaltar a necessidade deste espaço, pois há muito tem sido dificultoso para nós ocupar muitos espaços políticos. E isso se dá muito pelo fato de sermos corpos que carregam três especificidades fortes que são indissociáveis, especificidades estas que, infelizmente, muitas vezes tem sido abordadas de forma segmentada em muitos lugares, ou de forma a deixar a desejar em muito aspectos para nós. Este número de recortes conferem a nós uma demanda ainda mais especializada, e que carregam um mundo de demandas que fazem muita diferença no nosso dia a dia. 

Fonte: Google Imagens
       Por isso, nesse dia da Visibilidade Lésbica (e não só nesse dia), é muito importante que nós levantemos nossas vozes para que nossas demandas recebam a atenção devida. A maioria de nós está nas periferias e são a maioria das vítimas da discriminação violenta provocada pela lesbofobia e bifobia. As lésbicas e mulheres bissexuais da quebrada são as que se encontram em condição de maior vulnerabilidade. Tudo isso gera consequências diretas na educação, segurança, saúde física e psicológica. O medo da violência tem feito com que muitas pretas tenham medo de vivenciar sua lesbianidade e bissexualidade gerando um imenso desgaste emocional, comprometendo muito sua vida pessoal e convivência social.´

     Ocupar os espaços organizados específicos é importante porque  neles temos a oportunidade de conhecer as experiências de cada uma de nós em nossa diversidade. Compartilhar as nossas vivências é uma arma muito importante e poderosa, através dela nós temos condições de conhecer as vivências nos diversos espaços e entender as nossas necessidades. Apesar de sermos lésbicas e mulheres bissexuais negras nós não podemos alimentar a ideia de que somos todas iguais. Somos diversas, sendo gordas, magras, "ladys" ou "butchs", jovens ou da melhor idade, mães e tantas especificidades. Ocupando nossas casas, a rua, a escola, a Universidade, o posto de saúde, dentre tantos outros, ouvir cada experiência nos garante adentrar em diversos espaços e assim discutir as realidades de forma mais representativa.

          Assim, podemos discutir o que nossas especificidades demandam e discutir quais políticas públicas precisamos estar a cobrar das instancias governamentais para que a população lésbica possa ter a garantia de uma vida livre da violência.

      Por isso, pretas, visibilizar é muito importante! Pois a falta de políticas e ações combativas é fruto dessa invisibilidade que nos é imposta e essa tem sido uma arma extremamente violenta contra a nossa existência.

       Nós não somos invisíveis! Existimos e temos o direito a vida! Temos direito a ter direitos! Temos o direito de termos nossas especificidades atendidas! Temos o direito de ter políticas públicas específicas para nós e o direito de que o estado nos proteja.

          Por isso precisamos gritar, precisamos exigir! 

          Dia 29 de agosto (e todo dia) é dia de luta! Vamos nos fortalecer e fortalecer os nossos espaços!

          A nossa existência não será pagada!

- Sheila Nascimento (Sheu)

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